A síndrome do ovário policístico é um problema hormonal comum nas mulheres em idade reprodutiva. Esse problema hormonal pode resultar em três características que definem esse diagnóstico.

  1. Ciclos menstruais prolongados e às vezes ausentes. Na prática, isso deve ser interpretado como sintoma da Síndrome do Ovário Policístico quando houver oito ciclos ou menos por ano, ou ficar sem menstruar por mais de três meses.
  2. Hiperandrogenismo, quepode ser clínico e/ou laboratorial. O hiperandrogenismo laboratorial é identificado por exame de sangue que detecta as taxas de hormônios masculinos, chamados andrógenos, no sangue. Destes, o mais conhecido é a testosterona. No caso do hiperandrogenismo clínico o que deve ser avaliado são os sintomas como:

É importante mencionar que nem todas as mulheres com essas alterações clínicas têm os exames laboratoriais alterados e, da mesma forma, não são todas as mulheres com testosterona alterada que terão esses sintomas mencionados. Tendo alteração clínica ou laboratorial, isso é considerado critério para a doença.

Ovário com aspecto micro policístico no ultrassom. Para entender melhor, o aspecto é de um cacho de uva, no qual cada uva seria um cisto ou folículo. No caso, o que caracteriza a Síndrome é ter mais de 20 cistos ou folículos medindo de 2 a 9 mm e/ou volume ovariano total maior ou igual a 10cm³ em um ou ambos os ovários.

Se houver cisto funcional, relacionado ao ciclo de ovulação, o volume ovariano pode ficar alterado e isso confundir a avaliação. Nesses casos é recomendado repetir o exame mais uma vez em outro ciclo menstrual.

A definição do diagnóstico da Síndrome do Ovário Policístico ainda é controversa na comunidade médica. O critério mais aceito é que, para que se tenha o diagnóstico de Síndrome do Ovário Policístico, dessas três características – ciclos menstruais irregulares, hiperandrogenismo clinico e/ou laboratorial e ovário policístico- é preciso ter pelo menos duas.

Além disso, é obrigatório que se investigue e exclua outras doenças que também podem causar alguns destes sintomas, como distúrbios de tireoide, aumento de prolactina, tumores produtores de hormônios masculinos, menopausa precoce, hiperplasia adrenal congênita, entre outros.

Para ficar claro, se uma mulher tem pelo menos dois dos três critérios, e foram excluídas essas outras causas mencionadas, ela tem o diagnóstico da Síndrome do Ovário Policístico. Isso esclarece uma dúvida muito comum: uma pessoa que tem um ovário micro policístico no ultrassom, não necessariamente tem a síndrome. Como mencionado, para se ter a síndrome é preciso ter também alterações hormonais que causem ou irregularidades menstruais e/ou Hiperandrogenismo.

Na adolescência, por ser um período em que acne e o aumento de oleosidade na pele e distúrbios menstruais são frequentes, os critérios são mais rígidos: é preciso ter os três critérios acima e estarem presentes em graus mais severos.

Uma informação importante é que é comum as meninas terem ciclos irregulares nos primeiros dois anos após começarem a menstruar. Por isso, as irregularidades menstruais mencionadas só devem ser consideradas critério para diagnóstico se persistirem por mais de dois anos após o início da menstruação.

Causa e Consequências da Síndrome do Ovário Policístico

A medicina não sabe a causa ao certo a causa da Síndrome do Ovário Policístico. Alguns fatores como hereditariedade, excesso de insulina e produção de testosterona aumentado pelo próprio ovário podem estar associados.

Quem tem esse problema tem maior risco de ter uma série de outras doenças como:

Todas essas são fatores de risco para doenças cardiovasculares como infarto e derrame.

Além dessas, a Síndrome do Ovário Policístico também está associada a:

Tratamento

Como não se sabe a causa exata da doença, não há remédios para a cura do problema, mas é possível o controle, geralmente com o uso de medicações e mudanças no estilo de vida, como perda de peso e mudanças na dieta. Existem algumas orientações que são indicadas a todas as mulheres com o problema como:

Pílulas anticoncepcionais e outros métodos hormonais também podem ser indicadas. O médico deverá avaliar cada caso e definir se há indicação ou não do uso de pílula e, quando indicado, dentre as diversas possibilidades de pílulas, qual é a mais indicada.

No caso de mulheres com desejo de engravidar e não conseguem, o tratamento pode incluir diferentes medicações como, por exemplo, indutores de ovulação. Em alguns casos pode haver necessidade de reprodução assistida.

Por fim, é importante destacar que a síndrome do ovário policístico é muito mais comum do que as pessoas imaginam. Estima-se que entre 5 e 15 % das mulheres têm esse problema.

Por isso, se uma mulher estiver suspeitando desse problema ela deve prestar atenção nas informações mencionadas e procurar um médico, que no caso o mais indicado é um Ginecologista.

Assista no vídeo a seguir a explicação de nosso especialista!