Saúde Mental

Transtorno Obsessivo Compulsivo

Muitas pessoas gostam de ter os documentos alinhados, os objetos em simetria, ou têm seus pequenos rituais na hora do banho ou para sair de casa. É o que as pessoas popularmente chamam de manias. Se esses comportamentos não trazem nenhum tipo de sofrimento, não há com o que se preocupar.

Por outro lado, o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) é um transtorno mental grave, que quando não tratado pode trazer diversos prejuízos à qualidade de vida e se tornar até incapacitante.

Apesar de comum, acometendo 2,5% da população mundial e quatro milhões de brasileiros, o TOC muitas vezes não é diagnosticado. As pessoas que buscam tratamento demoram em média de 10 a 20 anos para ter um diagnóstico correto. O principal motivo disso é que os próprios portadores não conhecem o transtorno ou têm vergonha de procurar ajuda e falar sobre os sintomas.

O TOC é um transtorno extremamente heterogêneo e com muitas possibilidades de apresentações. São diversos sintomas que podem ocorrer no mesmo paciente e que podem mudar ao longo do tempo, mas ele tipicamente se caracteriza pela presença de obsessões e/ou compulsões.

Obsessões são pensamentos repetitivos e indesejáveis que invadem a consciência contra a vontade da pessoa. As obsessões também podem ser imagens, cenas, palavras, números que insistentemente se repetem na mente e a pessoa não consegue controlar, causando grande ansiedade e desconforto.

As obsessões mais comuns são:

  • Medos de contaminação e a preocupação com germes e sujeira;
  • Dúvidas sobre a possiblidade de falhas e a necessidade de verificar várias vezes para ter certeza, como por exemplo, verificar várias vezes se trancou a porta, se desligou o gás, ou se fechou a janela;
  • Pensamentos indesejáveis e perturbadores de conteúdo sexual ou religioso;
  • Pensamentos de agressividade e violência, como se imaginar ferindo outras pessoas ao pegar uma faca;
  • Preocupação com que as coisas estejam alinhadas e simétricas ou no lugar “certo”.

As obsessões não são simples preocupações excessivas com problemas do cotidiano, mas elas causam grande ansiedade e sofrimento, o que leva o indivíduo a afastá-las ou neutralizá-las com outro pensamento ou com algum comportamento, que são as compulsões. 

As compulsões ou rituais compulsivos são comportamentos repetitivos ou atos mentais que a pessoa se sente obrigada a realizar em resposta às obsessões, ou por causa de regras que ela sente que devem ser rigidamente seguidas.

Os portadores de TOC têm a sensação de que precisam realizar esses atos ou algo de terrível pode acontecer com eles próprios ou com os outros. São comportamentos claramente excessivos, mas que a pessoa não consegue na maioria das vezes resistir.

Alguns exemplos dessa relação entre obsessões e compulsões são:

  • Diante de um pensamento obsessivo que está sujo ou contaminado por germes, a pessoa passa a ter uma compulsão por lavar a mão. Ela lava a mão repetidas vezes, podendo até se machucar, na tentativa de aliviar a sensação de sujeira e a própria ansiedade;
  • Outro exemplo é aquela pessoa que tem compulsões de checagem, como checar várias vezes se trancou a porta, ou checar compulsivamente uma informação repetindo perguntas. Isso serve para afastar os pensamentos obsessivos de dúvidas e incertezas;
  • Alinhar os objetos para que fiquem na posição “certa” de acordo com critérios;
  • Repetições diversas: tocar, bater de leve, estalar os dedos, sentar e levantar um certo número de vezes;
  • Compulsões mentais como contar, rezar, repetir palavras em silêncio, repassar argumentos mentalmente, substituir um pensamento “mau” por um pensamento “bom”.

É importante destacar que as compulsões podem não ter relação direta com os pensamentos que eles tentam aliviar. Por exemplo, pessoas que têm compulsão de não pisar nas juntas da calçada para que não aconteça algo ruim, dar três batidas na porta para que a mãe não adoeça, mandar um beijo para o avião que está passando para que ele não caia, dentre outros.

No TOC a pessoa tem consciência que esses rituais não fazem sentido, mas mesmo assim, na maioria das vezes, não consegue evitá-los.

Todos nós, em algum momento da vida, podemos ter um comportamento compulsivo ou uma preocupação obsessiva. No caso do TOC, observa-se algumas características, que merecem ser destacadas:

  • A pessoa com TOC gasta pelo menos 1 hora por dia com as obsessões e compulsões;
  • Não sente prazer ao realizar os comportamentos ou rituais, mas apenas um breve alívio da ansiedade;
  • A pessoa apresenta prejuízos significativos em sua rotina, em seus relacionamentos e atividades de vida diária, podendo se tornar incapacitada para uma vida normal;
  • A pessoa não consegue controlar seus pensamentos e comportamentos, mesmo quando reconhece que são excessivos ou irracionais.

Uma pessoa que possua os sintomas mencionados e que julga ser TOC, deve procurar um médico psiquiatra. Não se dever ter medo ou vergonha, pois quanto antes o tratamento for iniciado, melhor será a evolução e melhor será a qualidade de vida.

Assista no vídeo a seguir a explicação de nosso especialista!

Dra. Karina Calderoni

CRM-SP 112072. Psiquiatra

Médica pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP)
Psiquiatra pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (IPqHCFMUSP)
Título de especialista em Psiquiatria pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP)
Psicodramatista pela Sociedade Brasileira de Psicodrama (SOVAP), federada da FEBRAP
Especialização em Dependência Química pelo GREA-USP

Site: http://www.clinicasintropia.com.br/clinic/

Telefone: (11) 4371.0770

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