Existem vários motivos para se preocupar com a hipertensão ou pressão alta. Três desses motivos são:
- A hipertensão é uma doença muito comum. Estima-se que de 20 a 40 % da população tenha hipertensão, ou seja, 1 ou 2 pessoas em cada 5 tem esse problema. Se considerarmos a população com idade acima de 70 anos, esse número é muito maior, e pode chegar a 70%.
- A hipertensão é uma doença silenciosa e traiçoeira. A imensa maioria das pessoas que tem hipertensão não sentem sintoma algum. Isso é um grande problema. Eventualmente algumas pessoas que apresentam elevação da pressão podem apresentar alguns sintomas, mas na maioria das vezes a relação é inversa, ou seja, a presença desses sintomas como dor de cabeça, tontura, sangramento, é que causa o aumento da pressão. Muitas pessoas só procuram o serviço médico quando estão com dor ou com algum desconforto. No caso da hipertensão isso é um grave erro porque o fato de não sentir sintoma não significa que a doença não esteja trazendo sérios prejuízos à saúde.
- A terceira razão para se preocupar com a hipertensão é justamente os danos que ela pode causar.
O infarto do coração e o AVC, popularmente conhecido por derrame cerebral são as principais causas de morte no Brasil e no mundo. Existem vários fatores que estão relacionados a isso, como diabetes, sedentarismo, colesterol, ou tabagismo, mas a hipertensão é a principal doença causadora de mortes no mundo. Este é o motivo por ser chamada de “assassina silenciosa”.
Nos rins, a hipertensão é uma das principais causas de insuficiência renal, problema que atinge até 3% da população brasileira e que nos casos mais graves leva à necessidade de hemodiálise e, eventualmente, transplante de rim. Nos olhos pode causar problemas na retina e o resultado pode ser visão embaçada, mas muitas vezes os problemas somente são detectados a partir de exames do fundo do olho, o que deve ser feito periodicamente, principalmente em pacientes hipertensos. A hipertensão pode também causar problemas na circulação, como aneurismas em grandes vasos ou em artérias do cérebro, e úlceras nas pernas difíceis de cicatrizar.
Em grávidas, o aumento da pressão arterial é chamado de pré–eclampsia, uma complicação na gestação que aumenta muito o risco de parto prematuro. Se a pressão não for controlada, a pré-eclampsia pode evoluir para eclampsia, um problema grave em que a mulher pode ter convulsões, com risco de vida para a mãe e para o bebê.
Além desses problemas, a hipertensão está associada a uma série de outros problemas como disfunção erétil ou impotência sexual, problemas de memória, e até certos tipos de demência.
Portanto, diante de uma doença muito comum, que não dá sintomas e que é potencialmente muito grave, deve-se ficar atento e medir a pressão de vez em quando. Recomenda-se que todos os adultos devem passar em consulta médica uma vez a cada ano, ou no máximo a cada três anos, quando então deve ser medida a pressão arterial em condições adequadas. Pode-se também medir a pressão arterial aleatoriamente, no consultório, no hospital, em postos de saúde ou mesmo na farmácia. O importante é medir e lembrar alguns cuidados para que essa medição tenha valor: a pessoa não pode ter fumado, ter feito exercício físico, ter tomado café, e durante a medição deve estar sentado e confortável.
Se a pressão foi medida uma vez e estiver alta, deve-se medir de novo depois de um tempo, entre uma semana e um mês, seguindo os mesmos cuidados. Se a pressão estiver alta novamente, está feito o diagnóstico de hipertensão. A pressão é considerada alta se for maior que 140 x 90 mmHg, ou popularmente 14 x 9, e isso define hipertensão. O ideal é estar abaixo de 120 x 80.
Causa da hipertensão arterial
Para maioria das pessoas não há uma causa bem estabelecida para a hipertensão. Ela vai aparecendo gradualmente ao longo dos anos. É o que é chamado de hipertensão arterial primária ou essencial.
Em alguns casos a hipertensão pode ser consequência de outro problema de saúde. Isso é chamado de hipertensão secundária. Nessas pessoas, normalmente a pressão alta começa de repente e pode apresentar valores mais altos do que os apresentados nos quadros de hipertensão primária.
Os problemas que podem causar hipertensão são apneia do sono, algumas doenças nos rins, na tireoide, em uma glândula do corpo chamada Adrenal ou Supra renal, alguns problemas nos vasos sanguíneos, medicações como descongestionantes nasais, anti-inflamatórios, pílulas anticoncepcionais, corticoides, moderadores de apetite, além das drogas ilícitas como anfetamina e cocaína.
Apesar de na maioria das vezes não se saber a causa do problema, sabe-se que existem pessoas que têm maior risco de ter hipertensão. Esse grupo de risco é formado por filhos de hipertensos, obesos, pessoas com mais idade (quanto maior a idade maior o risco de ser hipertenso), álcool (quem bebe acima de 15 ou 30g de etanol por dia, o que equivale a uma ou duas doses de destilados ou duas latas de cerveja por dia tem maior chance), consumo de sal exagerado (recomenda-se consumir até 6 gramas de sal por dia), sedentários, diabéticos e pessoas estressadas.
Uma pessoa que esteja nesse grupo de risco deve ter a sua atenção à hipertensão ainda maior. Um outro aspecto importante se refere ao cuidado após o diagnóstico de hipertensão. Uma em cada três pessoas que tem hipertensão não segue o tratamento proposto pelo médico de forma adequada. Isso é um erro grave, pois como dito anteriormente, a hipertensão é uma doença muito comum, silenciosa e perigosa. Na maioria dos casos é possível controlar a hipertensão com dieta, medicações e mudança de estilo de vida, com altas taxas de sucesso.
No caso de suspeita de hipertensão deve-se procurar um médico, no caso um Clínico Geral, um Cardiologista ou um Nefrologista.
