Saúde Geral

Enxaqueca

É muito difícil encontrar uma pessoa que nunca tenha tido um episódio de dor de cabeça durante a sua vida. A enxaqueca, por sua vez, é uma dor que acontece de uma maneira mais frequente, e que tem uma série de características específicas associadas a ela.

Uma dessas características é a localização. Geralmente a dor da enxaqueca é lateralizada, ou seja, ela costuma atingir apenas um lado da cabeça. Isso não significa que todos os pacientes que têm enxaqueca precisam ter a dor somente de um lado. Não necessariamente esta dor precisa ser em alguma região em particular, não precisa ser na frente ou atrás, mas um dos critérios para que se diga que a pessoa tem enxaqueca é uma dor lateralizada.

Um outro aspecto importante sobre a enxaqueca é a intensidade da dor. A dor da enxaqueca é uma dor muito forte. Apesar de muitas pessoas não darem atenção para a enxaqueca, ela é uma doença extremamente incapacitante, com grave impacto nas atividades de vida diária, tanto de adultos como de crianças.

Outra característica da dor é que ela pulsátil ou latejante, ou seja a pessoa sente como se tivesse um martelo na cabeça. Essa dor muitas vezes é sentida como se fosse uma pulsação, as pessoas podem ter a impressão de que algo vai estourar na cabeça, ou que irá romper um aneurisma ou coisa parecida.

Crises de Enxaqueca

Durante as crises de enxaqueca é extremamente comum sentir enjoo e vômitos. Às vezes o paciente, antes ou mesmo durante a crise de enxaqueca, apresenta uma náusea intensa e vontade vomitar.

Além disso, muitas pessoas têm uma alteração relacionada à percepção de luz ou ruído. Elas se tornam mais sensíveis. Essas pessoas procuram um local mais escuro e mais calmo durante as crises. Isso é chamado na literatura médica como fonofobia ou fotofobia.

Alguns pacientes têm a aura, ou seja, com os dois olhos há uma dificuldade em enxergar na lateral. A partir desse momento é possível perceber alguns pontos brilhantes, parecidos com fractais ou imagens, que lembram as imagens de um caleidoscópio, que é um movimento gradual e lento, que vai surgindo no campo visual, vai aumentando em frequência e intensidade, atinge um máximo e depois vai regredindo. Este fenômeno tem duração entre 5 e 60 minutos e, em geral, é seguido de uma dor de cabeça muito intensa, que é a dor da enxaqueca.

Algumas pessoas podem ter alteração de sensibilidade na boca ou nas mãos. Existem algumas situações mais raras onde o paciente pode ter dificuldade em encontrar palavras, ou situações em que a pessoa pode sentir tontura ou até mesmo perder a consciência. Mas isso é extremamente raro e, se isso acontecer, deve-se imediatamente procurar o Pronto-Socorro para descartar outras causas antes de enxaqueca.

Com relação à duração, a crise de enxaqueca, por definição, dura no mínimo 4 horas e no máximo 72 horas. Uma dor que dura mais do que isso pode ocorrer, mas é uma exceção.

A enxaqueca é uma doença neurológica por características distintas, com um padrão repetitivo das crises, ou seja, a pessoa que tem enxaqueca percebe que os sintomas parecem um “replay” de crises anteriores. Em geral o paciente precisa ter pelo menos cinco episódios repetitivos para que se possa caracterizar como enxaqueca. São essas características que ajudam o médico a fazer o diagnóstico.

Pensando na população geral, cerca de 8% dos homens e 16% das mulheres têm a enxaqueca denominada episódica. A enxaqueca episódica é aquela em que o paciente tem menos de 15 dias de enxaqueca por mês. Mais do que 15 dias já é caracterizado como enxaqueca crônica. O papel hormonal é um dos fatores pelo qual as mulheres têm mais enxaqueca que os homens. O hormônio feminino tem um influência enorme sobre a manifestação da enxaqueca. Por esse motivo as mulheres têm crises muito mais fortes e prolongadas no período menstrual, além de não responderem tão bem às medicações nesse período.

A enxaqueca é uma doença química do cérebro, de neurotransmissão cerebral, que tem uma base na genética, ou seja, pessoas com enxaqueca provavelmente têm alguém na família com enxaqueca. Exames como tomografia, ressonância magnética, raio X ou exames de sangue não são capazes de detectar a enxaqueca.

É importante reforçar a característica de doença da enxaqueca. O paciente tem frequentemente as dores de cabeça, que são desencadeadas por fatores alimentares, emocionais, hormonais, climáticos, etc.

Uma dúvida comum é se chocolate, leite, ou óculos desregulados causam enxaqueca. Eles não causam a enxaqueca, mas se uma pessoa tem enxaqueca esses fatores podem ser desencadeantes de crises, ou seja, pode facilitar a ocorrência de uma crise, e que são chamados de gatilhos.

Esses gatilhos são muito particulares, cada pessoa tem um ou mais deles. Portanto, não é possível dizer “nunca coma isso ou aquilo”. Cada paciente deve perceber quais são os seus gatilhos. Os gatilhos mais comuns são: falta ou excesso de sono, ficar muito tempo sem comer, alguns tipos de alimentos (queijos amarelos, temperos), bebidas alcoólicas como o vinho, exposição a mudanças bruscas de temperatura, estresse, entre vários outros. Portanto, certas práticas, como melhorar a qualidade do sono, alimentar-se em intervalos regulares, fazer atividade física a maior parte dos dias podem ser muito bons para o tratamento de enxaqueca. Técnicas de gerenciamento de estresse, como yoga, meditação, ou acupuntura, também podem ajudar bastante.

Como mencionado anteriormente, a enxaqueca é uma doença neurológica. É muito comum que o paciente procure diversos especialistas antes de tratar a enxaqueca como, por exemplo, o otorrinolaringologista, pensando que é algo relacionado a “sinusite”; o dentista, suspeitando de bruxismo ou disfunção na articulação temporomandibular; o ortopedista, quando nota que a dor pode ser “da coluna cervical”; o oftalmologista por acreditar que a dor é “pela falta de óculos”; o cardiologista por pensar que a causa da dor de cabeça é a pressão alta. Isso muitas vezes retarda o diagnóstico e o paciente passa muito tempo sem tratar adequadamente a enxaqueca.

Há uma polemica grande sobre se o café é bom ou ruim para quem tem enxaqueca. Se uma pessoa tem uma enxaqueca bem episódica, aquela que acontece por exemplo a cada dois meses, raramente toma remédio, o café pode ser útil e muito interessante de ser usado no momento da crise. Mas para as pessoas que têm dor muito frequente, o uso do café pode piorar a dor de cabeça, ocorrendo um vício do café, e fazendo com que o médico tenha um trabalho redobrado de ter que tratar a enxaqueca e o vício ao café. Portanto, é preciso tomar cuidado. A maior parte dos remédios que tratam dores de cabeça contém cafeína e isso é bom se for muito esporádico, mas se a dor de cabeça for frequente deve-se evitar a cafeína.

Como mencionado anteriormente, a enxaqueca é uma doença extremamente comum na população Se os sintomas mencionados estiverem presentes, deve-se procurar o médico, de preferência um Neurologista.

Assista no vídeo a seguir a explicação de nosso especialista!

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